Outrora existia em Várzea Cova, um mosteiro Beneditino filiado ao mosteiro de Basto, assim falam as gentes desta terra, e historiadores que datam o mosteiro de Várzea Cova de 1131[1]. Segundo o primeiro volume dos Documentos Régios , na delimitação do couto de Cabeceiras, o mosteiro de “Varzena” (Várzea Cova) é referido.[2] Seria um mosteiro típico do Minho do século X, um mosteiro de estilo Românico, mas simples.
Antes da reconquista cristã do Minho, os povos do nosso Minho viviam ainda de um modo um pouco ao estilo do Neolítico. Os povoados ficavam nos altos, pois os ataques inimigos eram constantes e o alto do monte era um refúgio seguro. A agricultura era praticada em planícies, mas estava muito atrasada.
O domínio Romano fomentou mais a urbanização do que a Ruralidade e a prática agrícola do nosso Minho agreste formado por terrenos de pequena dimensão para a agricultura. [3] Era este o cenário de aldeias como Várzea Cova, que surgiram no alto da montanha.
Durante a reconquista cristã, D. Afonso Henriques e seus sucessores foram deixando as novas terras conquistadas ao cuidado dos Beneditinos e outras ordens Religiosas que se iam instalando no território Português. [4]Por um lado era uma garantia de segurança, por outro lado era uma garantia de dar cultura ás pessoas, ensinando a prática agrícola em terrenos mais férteis e não tão montanhosos.
Aos poucos formaram-se aldeias em vales propícios para a agricultura. Formaram-se, como é óbvio ,Igrejas e mosteiros. Havia nos monges , uma enorme ânsia evangelizadora, pois nesta altura, ainda havia muitas crenças pagãs e heresias a respeito da doutrina cristã. Competi-a aos monges por a ordem no território. Prova de tudo isto é a própria aldeia de Várzea Cova, esta começou a surgir em duas frentes: uma na "Facha do Monte " outra na "Cerdeira",[5] tudo isto em montanhas opostas.
O Vale de Várzea Cova é muito propício para a agricultura, muito bem diferente dos seus altos montanhosos. É perfeitamente normal, que os monges fossem responsáveis por o abandono dos seus povoados montanhosos e pelo ensino da prática agrícola num sitio mais plano e fértil.
Em 1131 D. Afonso Henriques concede carta de couto ao mosteiro de Refojos de Basto, ou seja, os monges desse mosteiro eram os responsáveis por um vasto território. O Território englobava a actual vila de Cabeceiras de Basto, Alvite, Outeiro e Várzea Cova.[6] É perfeitamente admissível, que em Várzea Cova não existisse um grande mosteiro, mas uma filiação ao mosteiro de Refojos, o edifício seria uma Igreja de pequena dimensão e teria talvez uma hospedaria ou residência para alguns monges.
Quanto á localização do dito mosteiro, ninguém sabe, " não ficou pedra sobre pedra". Talvez a sua localização fosse onde é a actual Igreja Paroquial, pois está muito próxima do rio. Ficar próxima do rio é sinonimo de ser um terreno fértil para a agricultura, que era do interesse dos monges. É muito provável, que com o decorrer dos anos e da arte, as pessoas fossem retirando pedras características do românico e dando lugar a outras características da sua época. A paróquia de Várzea Cova data de 1749, antes pertencera a Outeiro.
A Igreja que chegou até nós data de 1759 , sendo totalmente reformulada em 1971.
A ânsia evangelizadora dos monges, que estiveram nesta simples aldeia em 1131 é de louvar.
A ânsia evangelizadora dos monges, que estiveram nesta simples aldeia em 1131 é de louvar.
É uma responsabilidade para nós hoje Homens do século XXI, pois os ensinamentos daqueles monges chegaram até nós. Quer no campo da agricultura, quer no campo da Religião, somos convidados a transmitir o que recebemos anteriormente, a incutir nas novas gerações o gosto pelo Belo, o gosto pelo Religioso, o gosto pela cultura.
Muitos falam que a Idade Média foi uma idade de trevas. A Igreja esteve no poder, dizem alguns. Mas se não fosse a Igreja a segurar a Europa em ruínas, quem conseguiria? Os Reis Bárbaros vindos do Norte da Europa que não tinham cultura? O Império Romano a desmoronar-se e afogado em dívidas e corrupção? Quem teria o poder e a ciência para assegurar a estabilidade territorial?
[1] Cf. Marques, José , Arquidiocese de Braga no Séc. XV, Lisboa, Imprensa Nacional-C. M, 1988.
[2] Cf. Arquivo Distrital de Braga, Documentos Régios, vol. I ,nº 120.
[5] Cf. http://www.eb23revelhe.rcts.pt/projecto_a_b_files/revelhe/ebi/ebi_varzeacova.pdf
[6] Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Refojos_de_Basto.
[6] Cf. http://pt.wikipedia.org/wiki/Refojos_de_Basto.
Fig.1 - Torre sineira da Igreja - 1969
Fig.2 -Fachada principal da Igreja-1969
Fig.3 - Vista geral da Igreja -1969
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